terça-feira, 23 de junho de 2009

Que despedida que nada! Nesta quarta tem reencontro!


Olá, minha gente! Nesta quarta-feira, dia de São João, vai rolar aquele ritual que os antropóides modernos da tribo de Kerchak* costumam classificar como “despedida de solteiro”. O que, pra começar, já é uma meia verdade. Afinal, solteiro mesmo eu fiquei por pouco tempo. Já moro com aquela moça brejeira há pelo menos uns nove meses, sem contar o acampamento no qual transformei o apartamento dela antes de me instalar definitivamente.

Além disso, a noite de amanhã marca um reencontro com uma rotina noturna, esta sim, de solteiro: bebericar no Café Benfica, em Copacabana, centro do mundo. O Benfa, como é conhecido carinhosamente este senhor pé sujo, ficava a uns 20 passos da minha antiga residência, em Copa. Este bar, que vende cerveja de garrafa, batata calabresa, pernil acebolado, bolinho de bacalhau e outras guloseimas, é símbolo de uma temporada tão doce quanto a que estou vivendo agora, só que com outro sabor. Se a atual degusta o amor, a outra provava compulsivamente a amizade.

O Benfa era o ponto de encontro do Cyro, do Chico Silva, do Claret, do Robertinho Chalet e do Murashima, entre outros copacabanenses ilustres que trabalhavam no projeto do Pan. Muitos outros amigos (e amigas) passaram por ali. Mas, para esta patota, em especial, ali era o playground de casa. Escorados no balcão ou sentados, passamos muitas e muitas noites discutindo o trabalho, os relatórios, a política, o mundo, e ah, o futebol!

Qualquer jogo que fosse transmitido numa das duas tevês do boteco era pretexto para grandes debates. Quando passava algum jogo que envolvia as paixões de cada um de nós, então, o bicho pegava! Passamos ali momentos épicos. Regados, obviamente, por generosas garrafas de cerveja e doses de destilados diversos. No Benfa fiz amigos e consolidei amizades. A importância de estar ali se resume na seguinte constatação: nunca fiz um amigo na farmácia!

Frequentando o bar também aprendi um pouco mais sobre o carioca, em particular sobre a malandragem Zona Sul. Quem acha que a malandragem é privilégio da Lapa, do subúrbio ou da favela, tá é muito enganado, meu chapa. Ali tem de tudo: judeu falido, traficante, puta, chefe de torcida organizada, mendigo cantor, policial em fim de serviço, peão de obra, estudante universitário, rato de praia e por aí vai.

Nesta quarta, estaremos lá novamente. Eu e outros bêbados, sabe-se lá porque, caímos nas graças da “direção”, e sempre ficávamos para dentro do bar depois de fechado. Isto, depois de os garçons e os chapeiros, liderados pelo mitológico Macarrão, fazerem uma apoteótica lavagem do chão do local. O Benfa terminava a noite limpinho. E a gente, com a alma lavada.

Quem quiser compartilhar desta experiência e conhecer outras histórias do Benfa, é só chegar. Ah, só os amigos, viu? Isso aqui é uma despedida de solteiro, porra! E que São João proteja os casados na quarta e os enfermos na quinta...

*Orangotango líder da tribo de macacos que adotou Tarzan. À noite, os machos se reuniam na clareira da tribo para batucar em troncos de árvores e bater com as mãos no peito para exaltar sua masculinidade. Igualzinho a nós! Quem quiser saber mais, pode ler o livro “Tarzan, o Rei das Selvas”, de Edgar Rice Burroughs. Eu li quando tinha 10 anos.

SERVIÇO:
“Despedida de solteiro” ou “caCHAça de Panela do Cyrrose”
Onde: Café Benfica (Figueiredo Magalhães, 28, Copacabana).
Quando: dia 24 de junho, a partir das 20 horas.